sexta-feira

Histórias Infantis

E por falares em Floresta lembrei-me de histórias infantis.

"Quem tem medo do Lobo Mau, quem tem medo do Lobo Mau..."

... sempre detestei esta história. Mas que mente perversa inventou tamanha barbaridade para contar às crianças?
Para contrabalançar houve um escritor inglês - Roald Dahl - que escreveu um livro com estes maravilhosos contos infantis, mas em poesia. E não só!!! Deu-lhes uma volta tal, que os ditos contos ficaram bem mais interessantes. A tradução já está feita para português e tem o apelativo título de "Histórias em Verso para meninos perversos" .

Estão lá todos. O Capuchinho Vermelho, os Três Porquinhos, a Cinderela, a Branca de Neve, toda aquela herança literária que preencheu os dias da nossa infância, e encheu as noites de arrepios.

Não resisto: Aqui está a do Capuchinho Vermelho ... GRRRRRRRR!!!!!!!!!!!
(mas advirto que na língua de Sheakpeare tem muito mais graça ...)

«Como estou farto de fazer de bobo!»
Disse, cheio de fome, o senhor lobo.
«Há quatro dias que não trinco osso,
A avozinha vai ser o meu almoço.»
Quando a avozinha lhe abriu a porta
Com o susto tremeu e, meia morta,
Fitou aqueles dentes a brilhar.
«Ai, que o malvado me quer devorar!»
A pobre senhora tinha razão
Porque ele a comeu com sofreguidão.
A avozinha era pequena e dura,
O almoço não foi uma fartura.
«Ai, estou com uma fome aterradora,
Pronto para comer outra senhora.»
Foi procurar petiscos na cozinha
Mas nada para roer o bicho tinha.
«Vou-me sentar no colchão de folhelho
À espera do Capuchinho Vermelho.»
Disse o lobo enquanto se vestia
Com as roupas que por ali havia.
Saia de seda, botas de verniz,
Chapéu de veludo foi o que quis.
Escovou o pelo, as garras pintou,
Bem disfarçado assim se sentou.
Um pouco depois, em passo apressado,
A moça chegou, toda de encarnado.
***
«Ó minha avozinha, quero saber,
As tuas orelhas estão a crescer?»
«Sim, minha neta, para melhor te ouvir.»
«Que grandes olhos tens, querida avó»,
Disse a menina cheia de dó.
«São para melhor te ver», disse o lobo
E pôs-se a pensar: «Não sou nenhum bobo,
Esta bela menina vou papar,
Que bom petisco para o meu jantar.
Vai saber-me que nem um pão de ló,
Não é velha nem dura como a avó.»
«Mas avozinha», disse a menina,
Tens um casaco de pele tão fina.»
«Não», disse o lobo, «Deves perguntar
por que são meus dentes de espantar.
Bem, digas tu o que disseres
Como-te sem prato nem talheres.»
A menina sorriu. Da camisola
Sacou de imediato uma pistola
E com uma certeira pontaria
Pum, pum, pum, aquele lobo morria.
***
Passaram os dias, passou um mês,
Vi a menina no bosque outra vez,
Mas sem o capuz, sem capa encarnada,
Toda diferente, toda mudada.
Sorrindo me explicou: «Daquele bobo
Fiz este casaco de pele de lobo».

E pronto! Cara, gostaste? Depois disto, aposto que vais comprar ... para ti ... para os teus filhotes ... ou para os teus netos ... não sei.
Olha, compra para ti porque depois do Equador também cai bem uma leitura diferente.

Quanto a esse, já li ... de um fôlego, como se usa dizer.
E como estamos em maré de livros, recomendo agora eu ... "A sombra do Vento" de Carlos Ruiz Zafón. Desde que o li que estou à espera de outro do mesmo autor.
E agora ... a palavra ao Cara!!!